sábado, 2 de outubro de 2010

Origem do Karatê



O Karatê tem uma forte ligação com o Bodhai-Dharma, (criador da doutrina Zen na Índia). Segundo os historiadores, artes marciais semelhantes tiveram início por volta do ano 520 aC., tendo como ponto de fixação o mosteiro de Honan. Todavia, a base do Karatê que conhecemos hoje, tem suas raízes mais fortes na pequena ilha de Okinawa, situada a sudoeste do Japão.Segundo se tem notícias, o Karatê teria surgido decorrente das ocupações militares por volta de 1400, quando a ilha fora dividida em três partes : Hokuzan, Hashion e Nansan .Com isso, Sho Hashion, um poderoso senhor de terras local, fortaleceu-se ainda mais e passou a dominar as três partes da ilha. Com o intuito de perpetuar seus domínios, lançou mão de uma promulgação que tratava da proibição total do uso de armas em qualquer parte da ilha. Assim sendo os habitantes de Okinawa, vendo-se privados do uso de armas, aperfeiçoaram-se no "combate das mãos vazias", sendo conhecido o estilo inicialmente como mão de Okinawa e posteriormente Karatê . A própria palavra Karatê explica essa questão : KARA - (Vazio) , TE - (Mão) .
De Okinawa originaram-se principalmente três estilos tendo como base a metodologia Te : Shuri-Te, Tomari-Te e Naha-Te. Oriundos de cidades com o mesmo nome (Shuri, Tomari e Naha) Os estilos Shuri-Te e Tomari-Te, fundiram-se mais tarde no estilo Shorin-Ryu e o estilo Naha-Te ficou conhecido como Shorei Tyu.
Atualmente existem mais de quinhentos estilos de Karatê espalhados pelo mundo, devido à divergências relacionadas a origens, metodologias, e assimilações de outras artes marciais .No Brasil, os estilos Shorin-Ryu e Shotokan são os mais conhecidos, mas podemos também encontrar discípulos de outros estilos, como por exemplo o Goju-Ryu , Kiokushin-kai Oyama , e estilos menos tradicionais como o Karatê Point, que na verdade é mais uma modalidade de Kumite (combate) com proteção, onde o ponto é obtido com o contato do golpe de um Karateca sobre a proteção corporal do oponente, semelhante a proteção utilizada no Taekondo. Proteção essa que não é aceita pelos estilos mais tradicionais de Karatê .




PRIMEIRAS ESCOLAS


Como vimos anteriormente, o Karatê surgiu quase que secretamente, devido a uma necessidade de auto proteção
Devido a esse caráter de semi clandestinidade, o Karatê teve seus primeiros Dojôs em locais ocultos na mata, e seus treinamentos eram sempre a noite . Mesmo porque seus praticantes eram em número reduzido e geralmente o ensinamento era passado somente de pai para filho .

Como vimos anteriormente, três estilos diferentes nasceram em Okinawa, por volta do século XVI. Os três estilos foram desenvolvidos a partir de uma metodologia conhecida como "TE".
Um dos principais mestres, dessa forma de luta, foi Shungo Sakugawa. Esses mestre teria ensinado seu estilo a Soken Matsumura, um dos maiores mestres que se tem notícia.Três principais centros de treinamento cresceram em Okinawa, no decorrer do século XVIII; um deles, situava-se na antiga capital, chamada Shuri, onde a realeza e os nobres viviam; outro em Naha, cidade portuária e o último em Tomari. E a partir daí, cada cidade começou a desenvolver seu próprio estilo.
Shuri-Te

Por ensinar na cidade de Shuri, o estilo "Te" de Sakugawa, ficou conhecido como Shuri-Te. Sakugawa tinha quase 70 anos, quando um jovem, chamado Soken Matsumura começou a treinar com ele. Matsumura revelou-se o melhor aluno que Sakugawa já produzira e, depois da morte deste, tornou-se um dos melhores instrutores do Shuri-te.




Tomari localizava-se próxima à pequena aldeia de Kumessura habitada por milhares de militares que possuiam habilidades. Entre elas, incluiam-se artes "externas", vindas do templo Shaolin e os sistemas "internos" que traçavam sua origem de outros locais.
Enquanto o Shuri-te foi influiciado quase exclusivamente pelo estilo mais duro Shaolin Externo, o Tomari incluia uma mistura de sistemas internos e externos.Um dos primeiros mestres reconhecidos em Tomari-te foi Kosaku Matsumora que ensinou o estilo com o máximo de sigilo. E, assim, somente poucos alunos de Matsumora tinham conhecimento suficiente para passar adiante. Outro importante instrutor foi Kokan Oyadomari, por ter sido o primeiro instrutor do grande Chotoku Kyan. Dos três principais estilos de Okinawa da época, o Naha-te foi o que maior influência recebeu dos sistemas internos da China e o que menor contato teve com a tradição externa Shaolin.O maior mestre de Naha-te foi Kanryu Higashionna. Há evidências de que Higashionna tivesse obtido lições de Matsumura (Shuri-te), mas por curto período de tempo. Higashionna era ainda bem jovem, quando mudou-se para a China, onde permaneceu por muitos anos. Quando retornou a Naha, abriu uma escola que enfatizava técnicas respiratórias dos estilos chineses.
Com o passar dos anos o Shuri-te e Tomari-te evoluíram no estilo Shorin-Ryu, que reconhece a influência do templo Shaolin (Shorin = palavra japonesa para Shaolin).
Foi por volta da era Matsumura que as duas formas de arte mesclaram-se em um só estilo.O Naha-te se tornou conhecido por Shorey Tyú no auge da popularidade de Higashionna. Foi também nessa época que o estilo começou a mudar sua tendência para ser puramente um sistema de luta interno. Isso foi devido a influência de Motubo Choki. Embora o estilo de Motubo fosse considerado Naha-te, na verdade, não tinha conexão com Higashionna. Quando Motubo tornou-se o líder da Shorey Tyú, ele começou a desenvolvê-lo em uma nova direção.

Origem do Jiu-jitsu


Segundo alguns historiadores o Jiu-jitsu ou "arte suave", nasceu na Índia e era praticado por monges budistas. Preocupados com a auto defesa, os monges desenvolveram uma técnica baseada nos princípios do equilíbrio, do sistema de articulação do corpo e das alavancas, evitando o uso da força e de armas. Com a expansão do budismo o jiu-jitsu percorreu o Sudeste asiático, a China e, finalmente, chegou ao Japão, onde desenvolveu-se e popularizou-se.
A partir do final do século XIX, alguns mestres de jiu-jitsu migraram do Japão para outros Continentes, vivendo do ensino da arte marcial e das lutas que realizavam.
Esai Maeda Koma, conhecido como Conde Koma, foi um deles. Depois de viajar com sua trupe lutando em vários países da Europa e das Américas, chegou ao Brasil em 1915 e se fixou em Belém do Pará, no ano seguinte, onde conheceu Gastão Gracie. Pai de oito filhos, cinco homens e três mulheres, Gastão tornou-se um entusiasta do jiu-jitsu e levou o mais velho, Carlos, para aprender a luta com o japonês.
Franzino por natureza, aos 15 anos, Carlos Gracie encontrou no jiu-jitsu um meio de realização pessoal. Aos 19, se transferiu para o Rio de Janeiro com a família e adotou a profissão de lutador e professor dessa arte marcial. Viajou para Belo Horizonte e depois para São Paulo, ministrando aulas e vencendo adversários bem mais fortes fisicamente. Em 1925, voltou ao Rio e abriu a primeira Academia Gracie de Jiu-Jitsu. Convidou seus irmãos Oswaldo e Gastão para assessorá-lo e assumiu a criação dos menores George, com 14 anos, e Hélio,com 12.
Desde então, Carlos passou a transmitir seus conhecimentos aos irmãos, adequando e aperfeiçoando a técnica à compleição física franzina característica de sua família.
Também transmitiu-lhes sua filosofia de vida e conceitos de alimentação natural, sendo um pioneiro na criação de uma dieta especial para atletas, a Dieta Gracie, transformando o jiu-jitsu em sinônimo de saúde.

De posse de uma eficiente técnica de defesa pessoal, Carlos Gracie viu no jiu-jitsu um meio para se tornar um homem mais tolerante, respeitoso e autoconfiante. Imbuído de provar a superioridade do jiu-jitsu e formar uma tradição familiar, Carlos Gracie lançou desafios aos grandes lutadores da época e passou a gerenciar a carreira dos irmãos.
Enfrentando adversários 20, 30 quilos mais pesados, os Gracie logo adquiriram fama e notoriedade nacional. Atraídos pelo novo mercado que se abriu em torno do jiu-jitsu, muitos japoneses vieram para o Rio, porém, nenhum deles formou uma escola tão sólida quanto a da Academia Gracie, pois o jiu-jitsu que praticavam privilegiava as quedas e o dos Gracie, o aprimoramento da luta no chão e os golpes de finalização.
Ao modificar as regras internacionais do jiu-jitsu japonês nas lutas que ele e os irmãos realizavam, Carlos Gracie iniciou o primeiro caso de mudança de nacionalidade de uma luta, ou esporte, na história esportiva mundial. Anos depois, a arte marcial japonesa passou a ser denominada de jiu-jitsu brasileiro, sendo exportada para o mundo todo, inclusive para o Japão.



A ORIGEM DO JUDÔ


O JUDÔ teve sua origem quando o Professor Jigoro Kano procurou sistematizar as técnicas de uma arte marcial japonesa, conhecida como "Jujitsu" e fundamentar sua prática em princípios filosóficos bem definidos, a fim de torná-la um meio eficaz para o aprimoramento do físico, do intelecto e do caráter, num processo de aperfeiçoamento do ser humano.

Nesse contexto, invariavelmente surge a questão: Porque chamar de judô ao invés de Jujitsu como já era conhecida a arte marcial?
Para poder entender a razão e a dimensão pretendida por essa mudança, deve-se buscar a interpretação no processo histórico que envolve o cultivo do "Budo " nas antigas formas de artes marciais do Japão. Segundo T.Watariabe (1967): "Budo é uma palavra característica do povo japonês e sua origem se encontra nas formas de auto-proteção que permitiram a sobrevivência dos indivíduos e a perpetuação da espécie humana através do tempo".
Essas formas de auto-proteção, que constituíram as artes marciais, nasceram da qualidade de vida que o povo japonês impôs a si próprio, diante da necessidade que tinham de se defender. Daí, então, surgiram os indivíduos com grande habilidade e treinamento nas artes marciais, formando uma casta de guerreiros conhecidos como "samurais", a serviço dos senhores feudais.
Durante o período medieval japonês, do século XIV ao XVIII, aproximadamente, as artes marciais tiveram grande importância por seu uso militarista, apresentando evidente progresso técnico, destacando-se os grandes talentos em todas as formas de luta pela preservação da vida, utilizando-se de armas como sabres, lanças e outros instrumentos, bem com métodos de combates com as mãos nuas. Ao mesmo tempo em que aprimorava o físico para adquirir destreza na arte marcial, o "samurai" desenvolvia formas de dominar seus próprios impulsos e controlar sua vontade, em alto grau, para poder enfrentar as adversidades corajosamente "até a morte". Essa filosofia de vida era a alma das artes marciais e entendiam, os samurais, que ela só poderia ser atingida através de árduo treinamento para desenvolver o espírito de luta - "Budo" - através da busca da serenidade, da simplicidade e do fortalecimento do caráter, qualidades próprias da doutrina ZEN. Um código de honra, ética e moral, o "Bushido", conhecido como via do guerreiro, foi elaborado com forte influência do Budismo, alicerçando-se na preservação do caráter máximo, tal como honra, determinação, integridade, espírito de fé, imparcialidade, lealdade e obediência; preconizando uma forma de viver pela conduta de cavalheirismo, respeito, bondade, desprezo pela dor e sofrimento.
Como uma das formas de arte marcial surgiu o Jujitsu, luta corporal sem uso de armas, não se tendo porém, registro preciso de sua origem. Algumas citações encontradas no "Nihon Shoki", que é uma crônica antiga do Japão, fazem referência ao início do Sumô que teria alguma relação com o Jujitsu naqueles tempos. Houve, então, evolução desses dois tipos de lutas corporais, em que o Sumô estabeleceu-se à base do uso da força e do peso, sendo orientado no sentido do espetáculo e o Jujitsu na base da habilidade, da astúcia e da ética, foi consagrado como combate real.
A prática do Jujitsu levou à criação de inúmeras escolas, cujas características eram a especialização dos professores em determinadas técnicas, adotando estilos próprios e secretos, cujos princípios de ensinamento se apoiavam no conhecido axioma empregado pelos "samurais". "Na suavidade está a força"( Ju = suavidade; Jitsu = arte ou prática). Dentre essas escolas, duas delas foram especialmente estudadas pelo Professor Jigoro Kano, "Kito-Ruy"e "Tenshinshinyo-Ryu".
A abertura dos portos japoneses em 1865, provocou intensas transformações do ponto de vista político-social, marcando a era "Meiji", quando foi abolido o sistema feudal, com rejeição da cultura e das instituições antiquadas, introduzindo-se os conhecimentos dos países ocidentais, ocorrendo acentuado declínio das artes marciais, em completo desuso no país. O Jujitsu não foi exceção, pois as escolas ficaram privadas das subvenções dos clãs e, ainda a modernização das forças armadas levou essa arte marcial a ser considerada parte do passado e em total decadência.
Jigoro Kano, um jovem de físico franzino, graduado em filosofia pela Universidade Imperial de Tóquio, tendo conhecimento do Jujitsu, observou que suas técnicas poderiam ter valor educativo na preparação dos jovens, no sentido de oferecer ao indivíduo oportunidade de aprimoramento do seu autodomínio para superar a própria limitação. Assim, passou a ter como meta transformar aquela tradicional arte marcial num esporte que pudesse trazer benefícios para o homem, ao invés de utilizá-la como arma de defesa pessoal simplesmente.
Aprofundou seus estudos, pesquisando e analisando as técnicas conhecidas; o Professor Kano organizou-as de forma a constituir um sistema adequado aos métodos educacionais, como uma disciplina de educação Física, evitando as ações que pudessem ser lesivas ou prejudiciais à sua prática por qualquer leigo. Com esse intuito, em 1882 fundou sua própria escola e, para distinguir, de maneira evidente, das formas que identificavam o antigo Jujitsu, denominou de JUDÔ KODOKAN, destinada à formação e preparação integral do homem através das atividades físicas de luta corporal e do aperfeiçoamento moral, sustentada pelos princípios filosóficos e exaltação do caráter, que era a essência do espírito marcial dos samurais, o "Budo".
Jigoro kano transformou a arte marcial do antigo Jujitsu no "caminho da suavidade" em que através do treinamento dos métodos de ataque e defesa pode–se adquirir qualidades mais favoráveis à vida do homem, sob três aspectos: condicionamento físico, espírito de luta e atitude moral autêntica.
A primeira qualidade, condições físicas, é obtida pela prática do esporte que exige esforço físico extenuante, de forma ordenada e metódica para proporcionar um corpo forte e saudável. Pois todas as funções corporais tornam-se melhor adaptadas pela atividade que promove aumento de força muscular geral, da resistência, da coordenação, da agilidade e do equilíbrio. Devido ao treinamento rigoroso, também, o indivíduo tende a tomar mais cuidado com a sua saúde, prevenindo doenças e condicionando a reagir reflexivamente para evitar acidentes.
A segunda qualidade, espírito de luta, significa que pela prática das técnicas do Judô e pela incorporação dos princípios filosóficos durante os treinamentos, o indivíduo se torna mentalmente, condicionado a proteger seu próprio corpo em circunstâncias difíceis, defendendo-se quando ameaçado perigosamente. Com o treinamento, adquire autoconfiança e autocontrole, não para fugir do perigo, mas para adotar medidas e iniciativas em qualquer situação. Em outras palavras, o Judô é uma arte para a auto-proteção total.
Por último, a atitude moral autêntica é concebida através do rigor do treinamento, que induz a humildade social, a perseverança, a tolerância, a cooperação, a generosidade, o respeito, a coragem, a compostura e a cortesia. As experiências obtidas durante o treinamento, por tentativa e erro e pela aplicação das regras de luta, impõem mudanças de atitudes, elevando o poder mental da imaginação, redobrando a atenção e a observação e firmando a determinação. Quando falhas do conhecimento social e de moralidade constituem-se em problemas, um método de ensinar a cortesia entre as pessoas e melhorar a atitude social torna-se importante e, por isso, o Judô, desempenha papel relevante nesse contexto, como instrumento de formar e lapidar os verdadeiros caracteres morais do ser humano.